SIMPÓSIO INTERNACIONAL - DISCUTE BENEFÍCIOS DOS COGUMELOS |
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A
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília/DF), Unidade da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, e a Fundação de Apoio à Pesquisa Dalmo Giacometti
estarão promovendo, no período de 5 a 8 de Dezembro, no Hotel Nacional, em
Brasília, DF, o I Simpósio Internacional sobre Cogumelos na Alimentação, Saúde,
Tecnologia e Meio Ambiente (I SICOG). Pela primeira vez na América Latina,
especialistas de sete países ( Brasil, China, Vietnam, Austrália, Iraque, Canadá
e Argentina) se reunirão para discutir os benefícios dos cogumelos nessas quatro
áreas.
O principal
objectivo do Simpósio é estimular a população brasileira a utilizar os cogumelos
em sua dieta alimentar e na saúde, já que hoje pouco se conhece acerca dos
benefícios gerados por esses fungos. Embora os potenciais dos cogumelos como
medicamento e alimento sejam conhecidos e utilizados há séculos por tribos
indígenas brasileiras, como os Nambikuara, no Mato Grosso, e os Yanomami, na
Amazônia, essa cultura não foi transmitida à actual população.
Entre as aproximadamente 45 mil espécies descritas de cogumelos, cerca de dois
mil são conhecidas como comestíveis, 25 são cultivadas e aceitas como alimento,
e somente 10 têm se tornado populares entre os países consumidores desses
fungos. No Brasil, os cogumelos mais conhecidos são o Champignon de Paris (Agaricus
bisporus), Cogumelo do Sol ou Himematsutake (Agaricus blazei Murril), Shitake (Lentinula
edodes (Berk) Pegler), Shimeji (Pleurotus ostreatus (Jacq:Fr) Kummer) e Cogumelo
Ostra (Pleurotus sajor-caju (Fr) Singer).
Além de
serem alimentos de alto valor nutritivo, com quantidade de proteínas quase
equivalente a da carne e acima de alguns vegetais e frutas, ricos em vitaminas e
com baixo teor de gordura e carboidratos, os cogumelos estimulam o sistema
imunológico e têm se mostrado importantes aliados no tratamento complementar de
doenças que afligem a população mundial, como o câncer, lupus, hepatite, HPV
(Vírus do Papiloma Humano) e AIDS, entre outras.
De 1968 até
hoje, o consumo anual no Brasil aumentou de 20 para cinco mil toneladas, mas o
consumo per capita no país ainda é muito baixo (apenas 30 gramas por ano) contra
dois quilos na França e 1,3 kg na Itália. Cerca de 60% da produção nacional são
consumidos in natura e os 40% restantes são absorvidos pela indústria de
conservas.
Por isso, a
intenção do Simpósio é divulgar e estimular a utilização desses produtos no
Brasil, além de inserir o país no contexto mundial do mercado de cogumelos e
incentivar o estudo das espécies nativas no mundo. O evento tem ainda como
objectivo promover o intercâmbio científico e tecnológico de cogumelos
comestíveis e medicinais no Brasil e no exterior e consciencializar a sociedade
quanto à importância de preservar e recuperar os recursos genéticos e culturais,
considerando todos os componentes vivos da nossa biodiversidade (flora, fauna e
microrganismos).
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O Agaricus sylvaticus aumenta o número de células Natural Killer em pacientes com câncer |
Jorge Gennari
, Marcelo Gennari e José de Felippe Junior
Introdução
O
documento mais antigo sobre os cogumelos como agente medicinal vem da Índia,
3000 anos antes de Cristo. Na China os efeitos benéficos de várias espécies de
cogumelos foram compiladas no " Shen Nong Ben Cao Jing" uma espécie de matéria
médica escrita entre 200 AC e 200 DC.(7-12)
Atribui-se aos cogumelos propriedades antivirais, antibióticas,
antiinflamatórias, hipoglicêmicas e antihipertensivas, porém o efeito mais
interessante é o antitumoral. Estamos em um momento da historia onde jamais
foram tão estudadas as relações entre a diminuição de função do sistema imune e
o início do câncer.
Durante a
evolução de uma neoplasia maligna, a imunodepressão já existente pode se
intensificar em decorrência da própria doença ou pela utilização de terapias
agressivas como cirurgias radicais, radioterapia e quimioterapia, atualmente
usadas com sucesso relativo dentre o escasso arsenal terapêutico existente. Esta
íntima correlação entre a deficiência imunológica e a gravidade da doença é
demonstrada em clínica através do estudo dos linfócitos T e B, mais
especificamente pelas células CD-4, CD-8 e principalmente pelas células "Natural
Killer" (CD-56). As células NK apresentam granulações em seu citoplasma, as
perforinas, com poder de destruição de células neoplásicas de uma maneira
inespecífica. Vários trabalhos têm demonstrado que o maior número destas células
melhora significantemente o prognóstico dos portadores de neoplasias
malignas.(5-6)
Importantes universidades de vários locais do mundo têm demonstrado a
importância do papel do sistema imunológico no controle do câncer. A
imunoterapia é considerada uma arma promissora contra as neoplasias quando em
associação com os tratamentos convencionais.
O objetivo
de nossa pesquisa é determinar se o Agaricus sylvaticus (Cogumelo do Sol)
aumenta o número de células NK, em pacientes com câncer.
Pacientes e Métodos
Foram
estudados 70 pacientes com neoplasia maligna, 50 deles do sexo feminino, com
idade variando de 18 a 78 anos ,com média de 52,8.
Todos os
pacientes tiveram o diagnóstico comprovado por exame anátomo-patológico e a
imunofenotipagem das células NK foi realizada por citometria de fluxo antes e
depois da administração do Agaricus.
Quanto aos
tumores primitivos, 48 eram carcinomas(35 de mama e o restante miscelânea); 17
eram adenocarcinomas ( 4 de próstata, 3 de ovário, 3 de útero, 3 de estômago e 1
de pâncreas) ; 2 eram leiomiomas, 1 era seminoma e 1 era o tumor de Ewing.
Dentre os 70
pacientes, 43 ou 61,5% eram portadores de metástases em um ou mais orgãos:
gânglios: 11, pulmão: 10, fígado: 8, ossos: 8 e em outros locais. Administrou-se
o Agaricus sylvaticus, diariamente, na dose de 1,6g, 4 vezes ao dia. Utilizou-se
a infusão a 100oC do pó do cogumelo ou os comprimidos feitos a partir da infusão
ou o extrato obtido em temperatura de 138oC.
Resultados
Dos 70
pacientes que usaram o cogumelo, notamos um aumento das células NK em 53 deles
ou 75,7%. No início as células NK que eram em média de 183 + / - 111
apresentaram uma elevação de 52% , atingindo valores de 276 +/- 155, em um
período de tratamento de 148 +/- 138 dias, resultado altamente significante ( p<
0,02). Notamos este grande aumento das células NK apesar de 43 pacientes (81,1%)
estarem recebendo ativamente radioterapia e ou quimioterapia. Em 17 pacientes
não houve a resposta esperada. Um deles manteve o mesmo número de células NK e
em 16, houve uma queda de 250 +/- 117 para 168 +/- 67, em um período de
tratamento de 126 +/- 98 dias. É importante frisar que esta diminuição de 33% ,
não apresentou estatística significativa e que 10 destes pacientes , isto é
58,8%, estavam sob radioterapia e ou quimioterapia.
Obs: Análise
estatística realizada com teste t de studant pareado.
Discussão
Existem pelo
menos 10.000 espécies de cogumelos, 700, comestíveis, 50 a 200 com propriedades
medicinais e 50 espécies venenosas. Seis gêneros de cogumelos são responsáveis
por 90% da produção mundial de 1,5 milhões de toneladas / ano: Agaricus,
Lentinula, Pleurotus, Auricularia, Volvariella e Flammulina.(2-3)
Há centenas de anos tem se atribuído propriedades medicinais aos cogumelos,
porém existem poucos estudos sobre os seus efeitos biológicos sobre o sistema
imune de seres humanos.
No presente trabalho conseguimos demonstrar que o Agaricus sylvaticus possui a
propriedade de aumentar o número de células NK em pacientes com câncer e tal
efeito biológico foi eficaz em 75% dos pacientes, apesar de mais da metade deles
estarem recebendo quimioterapia e ou radioterapia, procedimentos sabidamente
imunossupressores das células NK.
As células
NK destroem as células tumorais de um modo não específico e a quantidade destas
células no tecido tumoral , possui valor prognóstico. Ishigami, mostrou em 146
pacientes com carcinoma gástrico que, aqueles com alto conteúdo de células NK
infiltrando o tumor apresentavam sobrevida de 5 anos de 78%, índice
significantemente superior ao grupo com baixo número de células NK intratumoral.(6)
Cosiski, mostrou no câncer cervical, que os pacientes com maior número de
células NK no sangue periférico apresentavam melhor prognóstico.(5)
Yamagiwa,
notou que o maior o número de células NK , aumenta o efeito antitumoral do
tratamento convencional.(11)
Tanaka, demonstrou que a IL-18, poderosa citocina imunoestimulante, induz
imunidade tumor - específica, mediada pelo aumento do número e da atividade das
células NK.(10)
È importante
lembrar que as células NK são muito susceptíveis às espécies reativas tóxicas de
oxigênio, perdendo a sua capacidade de aderir às células cancerosas e
consequentemente perdendo a sua citotoxicidade.(9) O álcool suprime a função
lítica das células NK por efeito direto e por liberação de glucocorticóide (4) e
a cloroquina reduz a síntese de perforinas, componente primordial dos grânulos
citotóxicos.(1)
Após 1960 pesquisadores japoneses iniciaram investigação sistemática sobre qual
substância nos cogumelos era capaz de inibir o crescimento de tumores. Um grande
número de moléculas bioativas, foram identificadas sendo a classe dos
polissacarídeos considerada a mais potente. Verificaram que maioria dos
cogumelos com actividade antitumoral apresentavam em sua composição o Beta 1->3
D glucana, polissacaríde que aumenta o número de células NK e aumenta o número e
actividade dos linfócitos T e dos macrófagos.(8)
Nosso estudo
conseguiu demonstrar que o Agaricus sylvaticus utilizado como suplemento
alimentar possui efeito biológico benéfico nos pacientes portadores de
neoplasias malignas, aumentando o número de um tipo de células de capital
importância no prognóstico do câncer, as células NK.
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Cogumelos factores de intoxicação
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Sites sobre o
mesmo tema:
-Cogumelos
venenosos
Os cogumelos
são em vários países, particularmente europeus, importantes factores de
intoxicação, possivelmente devido à sua larga difusão e aos hábitos alimentares
da população.
No Brasil,
até há pouco tempo, este tipo de intoxicação era considerado como excepcional,
mas com a introdução progressiva do vegetal na alimentação, número de casos vem
aumentando, mas está muito longe de atingir os níveis observados em outras
regiões.
As
intoxicações em crianças, em número ainda reduzido não permitem um adequado dos
seus diversos aspectos em nosso meio, acrescentando-se ainda e, na maioria das
vezes, a espécie tóxica não é identificada e que o quadro observado não
apresenta nenhuma característica especial.
0 quadro
tóxico mais frequente inclui distúrbios gastrointestinais com náuseas, mitos,
cólicas abdominais e diarreia, além de discretas alterações neurológicas, s como
prostração, distúrbios de equilíbrio, hipotonia e, algumas vezes,
hipercitabilidade e confusão mental.
Considerando,
porém, a tendência do aumento progressivo da incidência da intoxicação, achamos
útil fazer um esboço dos seus principais aspectos para possibilitar ao pediatra,
frente a uma eventualidade destas, orientação adequada, quanto diagnóstico e
terapêutica.
Clínica
Gaultier &
Gervais, distinguem dois grandes grupos de intoxicações: as que caracterizam por
um tempo de latência longo, desde a ingestão até o aparecimento dos sintomas e
as que se caracterizam por um curto tempo de latência.
As
intoxicações de tempo de latência longo são as mais graves e compreendem rios
tipos de síndromas:
Síndroma
hepática ou hepatonefrítica - Produzida principalmente pela nanita phalloide. 0
tempo de latência é de 6 a 40 horas. O quadro clínico cia-se com distúrbios
digestivos (vómitos e diarreia), seguindo-se por alterações hepáticas,
distúrbios neurológicos, distúrbios hidreletrolíticos e óbito. Em alguns casos
aparecem sinais de comprometimento renal.
0 tratamento
é o mesmo recomendado em clínica para as insuficiências hepáticas ou renais.
Síndroma
renal - Produzida principalmente pelo Cortinarius orellanus. Caracteriza-se por
lesões renais tipo glomerulonefrite de evolução prolongada, podendo levar a
óbito por insuficiência renal crónica. A conduta terapêutica é mesma utilizada
em clínica nas lesões renais que evoluem para insuficiência renal crónica.
Síndrome
hemolítica - Observada nas intoxicações pela Gyromitra escuita. Caracteriza-se
por hemólise, que é tratada como recomendado em clínica.
As
intoxicações de curto tempo de latência são menos graves e compreendem também
vários tipos de síndromas:
Síndroma
muscarínica - Observada nas intoxicações por Dealbata e Inocybe. Caracteriza-se
por sintornatologia tipo colinérgica, semelhante à observada na toxicação por
organofosforados. A atropina pode determinar bons resultados terapêuticos nesses
casos.
Síndroma
atropínica - Observada nas intoxicações por Amanita muscaria. Liadro clínico
semelhante ao da intoxicação atropínica. 0 tratamento é realizado com sedativos.
Síndroma
psicodisléptica - Observada na intoxicação por Psylocybes, Streptaria, Conocybes
etc. 0 paciente pode apresentar sinais de despersonalização, visão colorida,
alucinações etc. Em alguns países esses cogumelos são utilizados por pessoas
viciadas, como alucinógenos.
Síndroma
digestiva - Produzida por várias espécies de cogumelos (Russula, Boleto,
Tricholoma etc.) caracteriza-se por distúrbios gastrintestinais: vómitos,
cólicas abdominais e diarreia.
Tratamento
O tratamento
é sintomático.
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Propriedades medicinais do cogumelo
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Nanci Franco
Todo mundo
conhece os cogumelos, mas poucos sabem que eles são ricos em proteínas, auxiliam
a renovação celular, combatem a hipertensão e são sofisticados componentes das
dietas de emagrecimento. Além disso, algumas espécies auxiliam no combate ao
câncer e à SIDA.
Os cogumelos
constituem uma espécie tão rica e variada que passaram a ser estudados com mais
atenção pela ciência. Estima-se a existência de 69.900 espécies em diferentes
formas, tamanhos e cores, em ambientes tão variados como as geleiras dos pólos e
as raízes das árvores.
O cogumelo é
rico em proteínas, fibras, minerais (cálcio, iodo, fósforo) e vitaminas,
principalmente complexo B. Tem baixo teor de sódio e muito potássio, o que o
torna um grande aliado dos hipertensos. Composto de 90% de água, tem poucas
calorias (28 Kcal em média para cada 100 g) e quase nenhuma gordura.
Mas o que dá
ao cogumelo a fama de elixir da vida, "é o seu grande teor de ácido nucleico,
substância que favorece a síntese das proteínas e a reconstrução celular",
afirma o nutricionista Midori Ishii, que cultiva cogumelos comestíveis em
Itanhaém.
Com o tempo,
vão diminuindo os níveis de ácido nucleico no organismo e o cogumelo é capaz de
restabelecer os níveis dessa substância. "Por esse motivo, várias espécies são
utilizadas para fins medicinais e estão sendo utilizadas no tratamento de
doenças e no esforço do sistema imunológico", explica Ishii
Um dos mais
conhecidos por suas propriedades medicinais é o cogumelo japonês Reishi,
indicado para o controle do colesterol, dos níveis de glicose no sangue, da
hipertensão e também como antiflamatório e activador do sistema imunológico.
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