COMO PRODUZIR COGUMELO MEDICINAL
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Silvânio Rodrigues dos Santos1
1) Acadêmicos do 8º período do Curso de Agronomia/ UFLA
2) Professor Titular/ Departamento de Agricultura/ UFLA
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1 -
INTRODUÇÃO:
Cogumelos são frutificações de alguns grupos de fungos que são formados em
condições de temperatura, luminosidade, pH e humidade favoráveis, podendo ser
classificados em comestíveis e venenosos. São conhecidas aproximadamente 700
espécies de cogumelos comestíveis sendo que destas algumas possuem uso
medicinal. Actualmente, cerca de 50 espécies estão sendo pesquisadas tendo por
objectivo a descoberta do tratamento de diversas enfermidades.
Os cogumelos comestíveis são alimentos de alta qualidade, por serem ricos em
proteínas e carboidratos facilmente digeríveis, e por apresentarem ainda pouco
ou quase nada de lipídios.
O Brasil produz e exporta cogumelo medicinal principalmente para o Japão,
Estados Unidos, México, Canadá e Coreia. Sua produção aumenta a cada ano
impulsionada pelos altos preços pagos pelo mercado. Todos os anos muitas pessoas
iniciam-se no seu cultivo. Entretanto por diversas razões (como a baixa
produtividade, preços aquém das expectativas, ataque de pragas e baixa qualidade
do produto final) muitas delas não dão continuidade ao trabalho. Sua produção
actualmente é realizada no sistema de agricultura familiar e também por grandes
empresas.
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2 - O
CULTIVO:
O cogumelo medicinal é produzido em composto orgânico nutrindo-se
basicamente de hemicelulose e, por isso, sua produção está directamente
relacionada à qualidade do composto.
Os ingredientes normalmente utilizados são: esterco de gado, cavalo ou frango,
capins secos, bagaço de cana, farinha de osso e de sangue, calcário, ureia,
sulfato de Potássio, farelos de soja e milho. Os compostos podem ter diferentes
formulações desde que apresentem os elementos necessários para o desenvolvimento
do fungo. Para isso devem sofrer um processo de fermentação controlada e após
esse processo devem ser pasteurizados para eliminar fungos, insectos, ácaros e
nematóides indesejáveis. Após a pasteurização o composto é embalado em sacos
plásticos contendo entre 10 e 15 Kg. Em cada saco são misturadas as "sementes"
(em torno de 1 Kg) que são inócuos do fungo geralmente cultivados em sementes de
sorgo. estes sacos são armazenados em local com temperatura controlada até a
total colonização do fungo no substrato (25 dias). Após este período é
necessário a eliminação dos sacos com contaminações. Os sacos com micélios de
coloração branca e aspecto aveludado (características de um bom desenvolvimento
do Agaricus blazei ) poderão ser "plantados". Existem empresas especializadas na
produção do composto. Poucos produtores actualmente realizam o processo de
compostagem por exigir gastos com equipamentos e pesquisas sobre os materiais a
serem utilizados e mão de obra qualificada. |
3 - O
PLANTIO:
Existem diversas formas de plantio, descreveremos três básicas.
a)
Plantio directo: O substrato já colonizado é colocado directamente no chão em
valas de 40 cm de largura por 20 cm de profundidade e coberto com terra de
barranco corrigida com carbonato de cálcio a um pH na faixa dos 6,5 a 7,0. O
sistema de plantio directo pode ser realizado a céu aberto (exigindo neste caso
uma declividade para o escoamento da água da chuva e de irrigação) ou em estufas
que protegem do excesso de chuva e oferece certa protecção do frio, mas que
podem no verão apresentar temperaturas excessivas. Recomenda-se neste sistema a
rotação de áreas, evitando-se sempre áreas com uso recente de defensivos. |
Plantio directo sob estufa
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B)
Plantio no próprio saco: O substrato colonizado permanece no saco e é colocado
em suportes que servem para elevar o substrato do chão (locais protegidos de
chuvas). Os suportes podem ser estrados, prateleiras ou até mesmo caixas de
plástico. Sobre o saco é colocada a cobertura morta que tem a função principal
de manter os canteiros sempre húmidos.
C)
Plantio em prateleiras sem o saco: Consiste em construir prateleiras no intuito
de aumentar a área útil da instalação. Os materiais utilizados podem ser os mais
diversos desde que não liberem nenhuma substância prejudicial a qualidade do
cogumelo. É recomendado o uso de plástico forrando as prateleiras e sobre o qual
o composto é colocado e moldado em leiras evitando-se ao máximo a sua
fragmentação. Neste método é necessário após cada ciclo (substituição do
composto) uma criteriosa desinfecção do local evitando-se assim a contaminação
no próximo ciclo. |
Plantio em sacos
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4 - TRATOS
CULTURAIS:
O cogumelo medicinal
desenvolve-se bem em condições de alta humidade (80 a 90%). Portanto os
canteiros devem estar sempre molhados através de um sistema de nebulização, se
possível, para aumentar a humidade do ar.
·Devem-se retirar as partes contaminadas por
fungos indesejáveis e tratar o
local atacado com Hipoclorito de Sódio;
·
Eliminação de plantas daninhas no canteiro o
quanto antes possível;
·Controle de pragas como lesmas, caramujos,
centopéias, piolhos de cobra,
moscas e ácaros;
·
Todos os dias após a colheita devem-se retirar
os cogumelos mortos.
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Material em fase de colheita
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5 -
COLHEITA:
Vinte a trinta dias após o plantio começam a nascer os primórdios do cogumelo
(pequenas bolinhas brancas) que em condições favoráveis atingem o ponto de
colheita dentro de 2 a 3 dias, quando apresenta o "chapéu" ainda fechado para
evitar acúmulo de sujeiras. Para colher, deve-se pegar pelo "chapéu", realizar
uma leve compressão e torcer para que o micélio se rompa.
6 -
LIMPEZA:
Consiste na retirada das raízes com o
auxílio de escovas, faquinhas ou jactos de água e na lavagem do cogumelo em água
limpa.
7 -
SECAGEM:
O processo de secagem possui grande influência na
qualidade do produto final, uma vez que erros cometidos nesta fase comprometem
todos os esforços realizados na etapa de produção, objectivando a qualidade.
Esta etapa requer acompanhamento contínuo. Isto pode ser reduzido com a adopção
de tecnologias que permitam a automação do processo. Podem ser utilizados
secadores caseiros ou industriais de tamanhos variados (depende da necessidade
de cada produtor) com aquecimento a gás, electricidade, lenha, ou caldeiras.
Características visuais de um bom cogumelo seco:
·
Coloração branca levemente creme e um pouco
alaranjada;
·
Todos os cogumelos devem estar com o chapéu
fechado;
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Deve ter uniformidade de tamanho;
Devem ser embalados em sacos de polipropileno e para cada 250 g do cogumelo
deve-se colocar um envelope contendo 7-9 gramas de sílica gel.
Cogumelos secos podem ser armazenados em locais secos e arejados por até 2 anos.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
1.
FERREIRA, J. E. F. Produção de cogumelos.
Agropecuária, Guaíba, 1998, 137 p.
2.
PASCHOLATE, S. F.; STANGARLIN, J. R.; PICCININ,
E. Cogumelos: cultivo e comercialização.(Shiitake e Cogumelo do Sol). Coleção
Agroindústria, v. 17,
SEBRAE/MT, 1998. 85p.
3.
URYU, E. N. Cogumelo medicinal Agaricus blazei.
Campinas, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI, 1999. 37p.
(Boletim técnico, 239)
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