Os jogos são uma actividade feita para o recreio do espírito, nas horas vagas,
deixadas pela labuta nos campos. Os jogos ocupavam um papel importante, entre as
nossas gentes, pois era uma maneira de unir as pessoas. Hoje em dia, estes
jogos, já não são jogados com tanta frequência, devido a haver outras formas de
passar o tempo. Talvez, por isso, hoje, as pessoas se encontrem mais afastadas,
menos solidárias e mais fechadas…
Na maior parte das aldeias, aos Domingos, os mais velhos e alguns
mais novos, ainda se vão juntando, nos largos (geralmente junto dos cafés, já
quase não há tabernas!), para conviverem, jogando alguns destes jogos.
Os bempostenses ainda hoje teimam em não deixar perder este
saudável hábito de conviver pelos jogos tradicionais. Face às motivações e
diversidade de ocupação dos tempos livres e de lazer é encantador ver nas tardes
de Domingo, sem chuva, formarem-se expontaneamente, ou já pares combinados,
grupos da raiola ou do fito. A assistência é interventiva e vai fazendo os seus
“ palpites”.
Estes divertimentos, puro prazer de brincar e passar o tempo,
estavam sujeitos a certas regras ou convenções (muitas vezes arrisca-se dinheiro
“os jogos de azar ou sorte”, em que o resultado depende da sorte). Neste caso,
temos o jogo das cartas, em que a habilidade do jogador e a simbologia utilizada
valem muito. Os principais jogos de cartas eram o “chincalhão”, a bisca, a
sueca, a bisca dos nove, o burro, o estanderete, etc. Geralmente, estes jogos
faziam-se nas tabernas, nas longas noites de Inverno, ou junto de toda a
família, à lareira, nos serões.
Mas as brincadeiras tradicionais também tinham a sua função
criativo-artística. As crianças da escola, e não só, dedicavam-se, nos seus
tempos livres, a inventar e fabricar formas de mostrar as suas habilidades e
manifestações da sua capacidade.
Assim, criavam instrumentos de diversão individual e colectiva.
Podem ser citados alguns mais comuns, tais como, a bilharda, a
piorra, o rapa, a zorra, o carro de fazer a baraça do pião, zunidoiro, papagaio,
gaitas de canas, bola de trapos…
Quanto a jogos colectivos, os rapazes e raparigas divertiam-se a
jogar, principalmente: a arrinca-cevada, ao eixo, às pontes, ao quente – quente,
frio-frio, à bilharda, à roça, ao trinque-trinque, ao dá-me lume, ao pião, ao
pino, à cabra-cega, ao chino, ao carola, ao botão, ao vintém, ao
esconde-esconde, à tabuinha, às necras, à macaca, à raiola, ao fito, à barra, à
luta, dicotim-dicutão, / à mosca, à palma, à berlinda, 31 à cesta, a mosca, etc
A Raiola
O jogo da raiola consiste numa linha recta traçado no solo, do
comprimento de 50 a 80 cm, chama-se “raia”, que termina, em cada extremo, por um
semicírculo convexo – “ queima”, e de um quadrado ao centro da “raia” . Os
jogadores colocam-se a uma distância variável da linha da “raia”, mas nunca
inferior a 3 ou 4 metros.
Pode ser jogado por dois jogadores ou por dois pares/parceiros de
dois. Cada interveniente lança uma moeda/vintém contra a “raia”, de forma a
colocá-la no quadro ou em cima da “raia”, ou mais próximo da “raia”. Ganha
pontos a moeda que ficar dentro do quadro (4 pontos); as que ficam em cima da
“raia” ganham 5 pontos. Não havendo moeda na “raia”, ganha 3 pontos, a que ficar
mais próximo da “raia”. As moedas que ficarem dentro das “queimas”, perdem os
pontos ou a jogada é nula.
Neste jogo, pode fazer-se outros pontos, desde que os jogadores
proponham pontos, 3, 6, …, ao jogo do adversário, e desde que estes aceitem
jogar.
Cada jogo normal compõe-se de 30 tentos/pontos, divididos em 15 “
maus” e 15 “bons”.
Ganha a primeira equipa, ou jogador individual, que atingir os 30
tentos.
atiravam ao ar amêndoas ou nozes, que em grande algazarra as procuram apanhar.
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