Americo Silva / Lamoso - Bemposta - Mogadouro

 

 

BEMPOSTA

 

O Amilcar Silva, de Lamoso, passou por Angola e agora pelo Brasil e, tem-se dedicado como poeta amador a escrever

 a sua vivência e saudade, da sua terra e por onde tem passado.


 

Minha mensagem de Natal para os meus amigos  -  O Natal do meu tempo de menino.

 

O Natal do meu tempo de menino

Não tinha papai Noel

Tinha encanto harmonia

Tinha o menino Jesus

Tinha bolas de neve

A refulgirem de luz.

Tinha o prazer a magia

De caminhar sobre a neve

De Lamoso a Bemposta

Para ir à Missa do Galo

Celebrada á meia noite

Daquela noite de luz.

 

 

O Presépio

    Era iluminado com velas

    Que davam à noite santa

    O tom de luz das estrelas

    Que iluminaram Belém

    Para a chegada de Jesus.

    A missa era um acto de amor

    A igreja iluminava-se

    Com as luzes dos olhares

    Das pessoas que acreditavam

    Na vinda do Deus menino

    Como nosso salvador.

 

Depois da Missa

A emoção dos presentes

O bater descompassado

De corações palpitantes

Naquela noite de luz

Correndo para a chaminé

Da lareira da cozinha

Ver se na sua botinha

Encontravam o presente

Pedido ao menino Jesus.

 

Lamoso aldeia velhinha

 

 

 Férias em Bemposta

Lamoso aldeia velhinha

Tão linda e chame-te feia

Quem não entende o amor

De um menino por sua aldeia

A ti me prendem raizes

De um amor que não vivi

Amor velhinho que em sonhos

Eu guardo só para ti.

 

Gostei muito de saber

Quanto te sentes feliz

De férias lá em Bemposta.

Eu também fui lá muto feliz

Quando menino.

Sabes Raquel!

Eu pisei as pedras daqueles caminhos

Minhas mãos de menino

Trabalharam aquele chão

Com muito amor.

Por isso eu te peço

Quando lá voltares

Diz-lhe por favor

Que nunca a esqueci

Nem as bolas de neve

Que por lá eu fiz.

Nem os regatos de água onde brinquei

Com barquinhos de papel

Diz-lhe também Raquel

Que a pesar da saudade

Sou um menino feliz.

 

Foste o berço dos meus sonhos

E da minh'alma inocente

Vives dentro da minh'alma

Que em ti vive eternamente

 

 

Meu canto a Trás-os-Montes 

 

 

 A praça de Lamoso

Quero-te tanto

Meu Trás-os-Montes

Que não sabes quanto

E não vou dizer-te

Quero tu descubras

Em cada recanto

Desse teu chão

As raízes profundas 

Que em ti deixei

E nas águas doces

 

Das tuas ribeiras

O murmúrio das lágrimas

Que por ti chorei

Que escutes na voz

Do vento sieiro

O soluçar da saudade

De um adeus sem fim

Perdido no tempo

Mas sempre, sempre

Presente em mim. 

 

A praça de Lamoso

É uma praça sem nome

Mas foi nela que em menino

Aprendi com maestria

A rodar o meu pião

E ele rodava, rodava, rodava

Até perder o equilíbrio

E depois tombar no chão.

E hoje como em menino

Voltei cheio de emoção

A esta praça sem nome

Para rodar o meu pião.

Quero ver se ainda roda, roda, roda

Como rodava então

Até perder o equilíbrio

E por fim tombar no chão.

Velha cegonha da horta da fonte

 

O meu Rincão

Velha cegonha da horta da fonte

Que não tem vida nem vê o horizonte

Se é manobrada ela trabalha

Se fica parada lembra um espantalho

Mas nunca se furta ao seu trabalho

 

Velha cegonha da horta da fonte

Tirando água do fundo do poço

Já era assim quando eu menino

Assim foi quando eu moço

E a velha cegonha da horta da fonte

Tirando água do fundo do poço

 

Se eu soubesse

Que a cidade grande era assim

Nunca teria deixado o meu rincão

Cidade grande não é para mim

Menino simples da aldeia

Que escuta no peito a voz do coração.

Que à noite, sente saudades da ceia

E da conversa ao serão

Menino que em sonhos

Corre ainda nas pradarias

Colhendo flores

Escutando o chilrear das cotovias.

 

Não sou mais menino

 Também não sou moço

E a velha cegonha da horta da fonte

 No seu vai e vem rangendo de esforço

Já mais se negou

A tirar água do fundo do poço.

 

 

Não, não é não!

Cidade grande não é para mim

E se eu soubesse que era assim

Nunca teria deixado o meu rincão.

[ Home Bemposta ]